Por Samira Salyorania Ribeiro de Souza
O semestre 2025.2 marcou com a realização do grupo de estudos “Comunicação e Encruzilhadas Periféricas”, iniciativa organizada por professoras dos grupos de pesquisa URBANO LABCOM/UERN, LIMBO/UFCA e GICEU/UFC. A proposta da temporada de estudos foi promover um diálogo crítico sobre dinâmicas sociais, culturais e comunicacionais que atravessam territórios periféricos, reunindo docentes, estudantes e artistas ao longo de encontros quinzenais.
O primeiro encontro ocorreu em 1º de setembro, com mediação da professora doutora Elane Abreu (UFCA). Sob o tema “Precisamos voltar para o centro da encruzilhada”, o debate se apoiou na leitura da entrevista de Sidnei Nogueira, que traz reflexões sobre espiritualidade, colonialidade e caminhos epistemológicos para pensar o Brasil periférico. No dia 15 de setembro, o grupo voltou a se reunir para discutir “Imagética de terreiro: visto-oculto e a comunicação do olhar fotográfico”, em um encontro mediado por Larissa Costa (UFCA). A conversa abordou a representação visual das religiões de matriz africana e a potência simbólica das imagens na construção de narrativas sobre os terreiros.
O mês de outubro contou com dois debates. No dia 6, estudantes Sara Tavares e Amarildo Augusto conduziram a conversa sobre Carnaval e o direito do coletivo LGBTQ+ no carnaval de Aracati-CE, discutindo territorialidades festivas, políticas de visibilidade e desafios enfrentados por corpos dissidentes nas ruas. Já em 20 de outubro, Mateus Lucas apresentou o tema “Comércio periférico: diálogos entre comunicação e dinâmicas sociais e urbanas, o caso Bodega do Tião”, ampliando o
olhar para práticas econômicas populares e seus vínculos com identidade e sociabilidade.
Em novembro, no dia 03, houve o debate “Da letra ao lugar: encruzilhadas tipo-periféricas da cidade”, em que Antonio Laurindo (UFC) apresentou parte de sua pesquisa de mestrado relacionada às tipografias populares em Fortaleza, destacando uma paisagem visual urbana marcada por contextos que resistem nas identidades das grafias artesanais. Já em 17 de novembro, o grupo trouxe a discussão “Contracultura negra no cenário periférico de jovens de Fortaleza”, mediada por Caio Souza (UFC). O debate utilizou como texto de apoio “A experiência vivida do negro – Pele Negra, Máscaras Brancas”, de Frantz Fanon, trazendo reflexões sobre vivências raciais, juventude e resistência cultural nas periferias urbanas.
O ciclo se encerrou em 24 de novembro, com a participação da artista Má Dame, que expôs “o cantar periférico” e refletiu sobre expressão musical como forma de afirmação identitária, memória coletiva e potência política. Com temas que atravessam raça, gênero, territorialidade e comunicação, a temporada de estudos “Comunicação e Encruzilhadas Periféricas” consolidou-se como um espaço plural de aprendizado e construção coletiva, reforçando a importância de olhar para as periferias a partir de suas próprias vozes, saberes e experiências.

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